quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A esfinge, o oráculo e a extinção da alma

Na madrugada chuvosa e insone tento consultar o oráculo
mas antes, preciso decifrar a esfinge que já devorou boa parte da minha alma
devastada...
alma em extinção

amor em extinção
Não decifro. Devore-me.
Não quero mais te consultar
Perdida neste labirinto de deveres sentimentais suplico que me soprem minha própria charada,
que de forma inusitada sempre quer me dizer quem eu sou.
Mas como aceitar? Uma coisa tão estranha, que o mundo nunca viu. E que portanto não existe.
Ó esfinge devora-me logo. Chupa minha alma, suga meus olhos, me volva zumbi.
Já não sinto mais nada, já não posso dormir.
Estou seca
Proibida de sentir.
A charada da esfinge
é a resposta do oráculo
ACEITA-TE OU TE DEVORAM

O bicho comeu Helena

Helena é pequena
Coração grande
gosta de dançar
come pouco
reclama muito

Helena foi-se embora
Ninguém vai notar
Não é fácil gostar  de Helena
( Não é nada fácil gostar de Helena)
Não é fácil sequer a notar

Helena é pequena
anda olhando o chão
Não vê nem é vista
Helena sente

Helena é pequena
Compartilha raramente
tá sempre em outra onda
difícil aceitar

tem medo de bicho,
tem medo até de folha seca
que cai sem avisar
e grita
e você vai ter que carregar
se não a pequena Helena
Sua grande bagagem

Com um deboche
derruba velhos mitos
te expõe
cruelmente 
à verdade

Quando Helena chegar
pare tudo que está fazendo
pra lhe ajudar

Confusa, complexa
ansiosa, meio aguniada
a pequena Helena anda
a procurar a luz do seu caminho
e nesta jornada
ilumina caminhos outros
que também escuros e profundos
emergiram na amizade de Helena

Helena se foi
enfim seu pesadelo terminou
não sei se a verei

Dificil acreditar
mas deixa saudades
levou consigo, entretanto
minha esperança
num pedacinho de papel

Pra contrariar
Gosto de Helena
Pra mim
Helena não é  Pequena