sábado, 10 de dezembro de 2011

Pé de Jaca

Eu sou a terra, sou o ventre, sou a lama - fedida e pura. Dentro de mim fincam suas raízes as árvores. Pra fora cuspo seu fruto. Pra fora da terra, para a vida, para o mundo, pra o que puder devorá-lo. Pra cair no chão e se esbagaçar. O fruto do amor entre a terra e um pé de pau.


meupedejaca.blogspot.com

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O Tabuleiro virou

Em duas semanas eu inaugurei uma loja, uma casa, um jornal comunitário e uma governanta que é raio, luz, estrela e luar.
Estou pedindo menos pois temo negligenciar Guy.

Tento dedicar toda a manhã na sua companhia, o resto eu me viro do meio dia pra tarde. Reunião de pauta, execução de pautas, distribuição de jornal, pedreiro, marceneiro, faxineira, encanador, a compra, controle fincanceiro, fluxo de caixa. Ás 17:00 horas abro a loja e começa a peregrinação, minha loja parece a Meca. A noite toda gente me alugando. Clientes, amigos e parentes. 

(Estou planejando nova fuga. Lembro que quando saí de Sorocaba, eu estava muito sobrecarregada de obrigações sociais, como estou hoje, fugi e fui pra sampa, onde vivi por quase dois anos fazendo exclusivamente oque eu tinha vontade. Estava absolutamente somaterapeutizada)


Fico até umas 23:00 na loja. Estou perdendo pra insônia, e ainda acordo junto com o Guy, que acorda junto com o sol, mas ok, um problema de cada vez, por favor.


No fechamento do jornal dei virote de três dias, o último com toda a equipe de edição lá na Casa do Boneco. Foram momentos especiasis pois é muito gostoso esse trabalho de redação, todo mundo opinando e a coisa saindo, e ficando bonita. Mas minha cabeça pendeu, eu já não raciocinava mais, desmaiei às 3:00 da manhã, em frente ao computador, deixando alguns erros de edição e a bomba na mão de Dani, Say e C, que ficaram até as 5:00.
O jornal ficou lindo, muito elogiado. Está gerando uma bela polêmica na cidade. Por causa dele, Jorge Rasta deu uma entrevista de 2 horas na rádio e até hoje não para de receber visitação de pessoas indignadas com a nossa coragem em falar a verdade. Ainda bem que Jorge tem peito. Bate nele e diz "Não vamos parar". Não vamos mesmo. Obrigada Mestre. Eu sinto como se estivesse muito perto da minha missão enquanto profissional da comunicação. Eu sou subversiva, e escrevo pra mudar. Aqui isto está se materializando.
Já estamos preparando a segunda edição que sai em janeiro. E dá-lhe bomba, ano de eleição. Breno acha que serei vítima de emboscada.

Quinta vou pra sampa. Fazer compra e trabalhar numa matéria com Babu, ver meus sobrinhos e cia.
Volto dia 13 com a dinda Bocão que vai segurar no chifre do touro comigo.
Que será de nós neste verão? Ainda bem que vai ser curto.


Mar nunca mais eu vi. Meu maior problema agora é a adminitração do tempo. Mas vamo que vamo, as mudanças estão aceleradas e tudo isso é uma fase muito efêmera. Eu, cada vez mais caótica.

Rezo agora pra Eolo, que bata um vento muito forte que carregue pra longe tudo que tá sobrando, e se quem estiver sobrando for eu, me carregue.

Blog do Jornal Ori
jornalori.wordpress.com

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A esfinge, o oráculo e a extinção da alma

Na madrugada chuvosa e insone tento consultar o oráculo
mas antes, preciso decifrar a esfinge que já devorou boa parte da minha alma
devastada...
alma em extinção

amor em extinção
Não decifro. Devore-me.
Não quero mais te consultar
Perdida neste labirinto de deveres sentimentais suplico que me soprem minha própria charada,
que de forma inusitada sempre quer me dizer quem eu sou.
Mas como aceitar? Uma coisa tão estranha, que o mundo nunca viu. E que portanto não existe.
Ó esfinge devora-me logo. Chupa minha alma, suga meus olhos, me volva zumbi.
Já não sinto mais nada, já não posso dormir.
Estou seca
Proibida de sentir.
A charada da esfinge
é a resposta do oráculo
ACEITA-TE OU TE DEVORAM

O bicho comeu Helena

Helena é pequena
Coração grande
gosta de dançar
come pouco
reclama muito

Helena foi-se embora
Ninguém vai notar
Não é fácil gostar  de Helena
( Não é nada fácil gostar de Helena)
Não é fácil sequer a notar

Helena é pequena
anda olhando o chão
Não vê nem é vista
Helena sente

Helena é pequena
Compartilha raramente
tá sempre em outra onda
difícil aceitar

tem medo de bicho,
tem medo até de folha seca
que cai sem avisar
e grita
e você vai ter que carregar
se não a pequena Helena
Sua grande bagagem

Com um deboche
derruba velhos mitos
te expõe
cruelmente 
à verdade

Quando Helena chegar
pare tudo que está fazendo
pra lhe ajudar

Confusa, complexa
ansiosa, meio aguniada
a pequena Helena anda
a procurar a luz do seu caminho
e nesta jornada
ilumina caminhos outros
que também escuros e profundos
emergiram na amizade de Helena

Helena se foi
enfim seu pesadelo terminou
não sei se a verei

Dificil acreditar
mas deixa saudades
levou consigo, entretanto
minha esperança
num pedacinho de papel

Pra contrariar
Gosto de Helena
Pra mim
Helena não é  Pequena

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Apê

Eu quero observar, olhar a vida e buscar a vida
Mas em volta, só muro
Grandes caixas onde se encerram pessoas,
vistas
vidas
Encerram
E a piração é total
quando se procura, já não se sabe mais o que
Há a falta, já não se sabe mais de que
As buscas são sempre na contra-mão
Sempre em vão

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Última estação

Que decisões errôneas ao longo da vida as trouxe esse olhar nostálgico, realista, resignado?
Em que momento deixaram de ser felizes para serem reais?
As decisões erradas mudam sobremaneira nosso rumo nesse mundo,
muito mais que as corretas?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Feitas de Luz

Vejam se pode o sucedido:

Bailarina Marciana, linda, doida por cinema, por projetos, pelo trabalho, pela vida
Mc Nanda, doida por cozinha, por rap, por surf e por machinhos
Angelina menina, viajante, solteira por profissão, doida por compras, por praia, pelo amor
Não sei se vem do Rio, ou de Trindade, ou de São Paulo, ou de Brasília ou de Salvador,

não entendi direito,
são do mundo
do outro mundo
chegaram a mim pelas mãos de uma anja cabeluda.

Áta-me
a anja, jogou a bomba (de flores)
e fugiu pro outro lado do oceano
Bagunçaram tudo que tava certo
essas inspirações Almodovarianas

A Carne Trêmula são 
as Mulheres a Beira de um Ataque de Nervos
Fale com ela
Kika se jogou pela janela do apê

Quando foram embora,
as diabas viraram-se e pude ver as pequenas asinhas balançando
 Fonte de inspirações e pirações
e carinhos

eu voltei a acreditar nos anjos

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Em noite de espetáculo o cajueiro se curva ao vento



Na roça espreita-se entocado o início da tempestade, o espetáculo da dança irada entre vento e água, se embolando, esbarrando com violência nas coisas e nas pessoas.
            O cajueiro da cachoeira caiu. Tava escuro, mas tudo se via com as trovoadas constantes. Para ele, cinqüentenário, grande, imponente no topo do morro, rufaram os trovões durante horas, valentes trovões. Água caía sem dó, direcionada pelas arfáticas rajadas do vento, o protagonista. Como numa tourada, o toureiro, perigoso e peralta, implacável destreza e sagacidade, eis o vento, chacoalhando as galhas longas e ziguezagueadas.  Elas formam inúmeras vias de escalada para quem quer subir no pé e chupar caju, as fortes e flexíveis galhas.
O vento puxou pelas galhas, e na terra abriu-se um rasgo. Os raios mostraram, era uma fenda pequena, que foi se abrindo e abrindo, enquanto pendia o corpo pesado. O vento arrancou o cajueiro pela raiz, caiu sobre a trilha, sobre a roça de Roberto. O barulho ninguém ouviu, os trovões ensurdeciam. Mas houve o barulho.
            O rio está cheíssimo, nervoso, não dá pra banhar, nem pra navegar. Couro e Caramelo ficaram ilhados no piso superior de suas cabanas de gnomos à beira do rio. A água subiu, a correnteza levou o que teve à mão. Eles nunca haviam visto aquilo. Brincadeira de natureza é brincadeira séria.
Mas deve ter sido muito excitante, como a cena do cajueiro que caiu e não morreu. Rei mandou dizer que a trilha contorne o cajueiro, mas que não se corte uma galha sequer. Próximo verão vai botar caju à mão.
            Hoje ao meio-dia o tempo fechou. Choveu forte e ventou. Anoiteceu mais cedo em Ambuba. Espreitamos quietos, preparados. O ar, denso, o que será que ele vai aprontar hoje ?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Jovens Ingleses Acordados e o menino Juan

Isso em Londres, a explosão de violência desencadeada pela morte de um pai de família pela polícia, são os jovens ingleses, que parecem estar muito mais acordados do que os jovens brasileiros.
Diriam os seca-pimenteiras: tá vendo, sabia que eles também eram animais.Caíram no crime!
Não. Eles são jovens, tem acesso a informação, assistem a filmes, viajam, vêm coisas pelo mundo, e estão dizendo o seguinte:

Nós sabemos o que acontece nos países onde a polícia está acostumada a executar jovens (ou negros, ou pobres, ou gays...). Não, nós não vamos permitir que façam isto conosco, podem esquecer!

Imagina se nós um dia reagirmos assim a cada assassinato cometido pela polícia. O que não teria dado a morte do menino Juan. 

Não haveria mais. A polícia ia entrar em choque, tantos outros podem até morrer aí. Mas acabava.

O que estamos fazendo que  não estamos ateando fogo em brasília?

Resignação

BOM DIA BRASIL de hoje


Camera 1
"Hoje o ministério do turismo
Ontem o da agricultura
Anteontem, o dos transportes
Trás-anteonte, o patrimônio do Ministro-chefe da Casa Civil
Parece que a nossa capacidade de se indignar está sendo menor que a quantidade de impostos que se tem que pagar, e a parte dele que some."


Corta pra 2
E o tempo melhora no sul do Brasil

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ITACARÉ POLÍTICA: EU PROMETO PARA ITACARÉ!

ITACARÉ POLÍTICA: EU PROMETO PARA ITACARÉ!: "Promessas do Prefeito Eleito PROMESSA ESPORTE 2009 http://itacarepolitica.blogspot.com/2008/10/promessa-esporte-2009.html PROMESSA A..."

sábado, 30 de julho de 2011

maneiras de enfiar o 'cara' no equema

Resgate de FGTS
Eu tava quieta, na minha, aí comecei a receber umas cartas esquisitas, continuamente. Eram da Caixa e diziam que eu tinha uma quantia em dinheiro que era minha, e se eu quisesse sacar, era só passar lá, e levar uns docs. A cada nova carta, um valor maior era informado.
Passado alguns meses, tomei coragem.
Bem, eu fui né. Não sem antes passar pelas malfadadas vias sacras que nós brasilianos temos que percorrer toda vez que nos pedem algum documento que não temos.
Cheguei na agência e entrei na fila da senha (fila da fila). A magrelinha me fez uma das perguntas mais esquisitas que eu já vi: Você tem cartão cidadão? Não. E nem quero, respondi, ingênua.
Tive uma má intuição
Mas você tem que ter, disse a vara de marmelo. Mas eu não posso não, eu não sou cidadã, sou Florestam, retruquei, malcriada.
Olha, se você quiser sacar esse dinheiro, vai ter que ser cidadã. Entra naquela fila e solicita seu cartão do cidadão.
Vejam vocês o que fizeram comigo. Entrei na fila pra virar cidadã, aos 29 dias de julho deste ano de 2011.
E enfim, descobri que o FGTS não cobriria nem meus gastos de psicanalista, numa futura crise de identidade, pra ele poder me relembrar, se for o caso, que cazzo sou eu,  cidadã ou Florestam.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ei, quem é você?

Você que acha um absurdo o lixo, o desmatamento, a poulição e todos esses afins. Que negócio é esse de ficar comprando água na rua. Por favor, vocês sabem quanto tempo demora aquela puta garrafinha pra se desfazer na natureza? Eu, em minhas estadas na praia dos algodões, de vez em quando invento de recolher o lixo na praia, vomitado pelo rio de Contas, e o grande campeão é o plástico. O cálculo deve estar em 90%. As tampinhas de garrafas são o grande vilão, é o que mais tem.
É um desatino dos tempos modernos, a pessoa ficar comprando garrafinha de água na rua, porque 'é só um real', porque 'eu to cum sede', porque é normal, todo mundo compra.
Então se você age assim, é um baita ignorante ou no mínimo irresponsável. Vamos sair de casa gente, com sua garrafinha de água, enche da geladeira, vai tomando na rua, não custa nada.
Quem trabalha em escritório, pelo amor de Deus, deixe de lado o copinho descartável, leve sua canequinha de plástico, ninguém usa, você não polui e ainda corta gastos.
Meu pai compra mil - MIL -copos de plástico por mês pra seu consultório. E olha que é um consultóriozinho, igual milhares que tem por aí. Imaginem somando todas as empresas? E então você pergunta: e os clientes, bebem em que? Olha people, vamos pensar em soluções. Bebedouro, copos não descartáveis, bota alguém pra lavar, ou mesmo quem bebe lava, não sei...vamos criar um sistema pra acabar com esse disparate. E levem suas garrafinhas quando saírem de casa tá. Se quiser beber gelado, deixa no congelador um dia antes, e daí ela vai manter a água gelada por várias horas. Usem a massa cinzenta que papai do céu te deu.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A maior aventura de um Zé Ninguém

Ato 1 - Tudo bem
Ele vinha andando pela rua meio distraído. Ia em direção ao ponto de ônibus, sem pressa. Chegando perto meteu a mão no bolso pra procurar o passe.
Ato 2 - Dinheiro não gosta de pobre
Quando puxou, saiu junto uma nota de dez reais, com o que ele deveria pagar a passagem de volta. Tinha que pagar a conta de água, mas com 10,00 não paga, então ia deixar atrasar.
A nota saiu, e caiu com o vento, já meio que se embolando pra longe do coitado Zé Ninguém.
Como desgraça de pobre, pouca não há, uma boca de lobo com a boca bem aberta, parecia exercer uma sucção malígna, puxando a nota pra si. Zé saiu num trupico, tentando resgatar sua merreca, em vão. A boca engoliu.
Ato 3 - da Bravura do Zé Ninguém
Ele jurou que não podia ir embora sem o dinheiro pois, além de comprar a passagem de volta, teria que comprar a mistura do jantar e o pão. E você nem acredita que com 10,00 dá pra comprar tudo isso né. Vamos às contas. Zé compra 5,00 de mistura (carne, ou frango) mais 2,80 do passe dá 7,80, ainda sobra 2,20. Ia sobrar dois reais e vinte centavos com os quais Zé poderia fazer qualquer coisa que quisesse. Podia comprar dois reais de pão e ainda sobrava vinte centavos. Podia comprar um brinquedo na loja de 1,99 pro seu neto. Podia até tomar uma cerveja, tranquilo na padaria.. Fazendo as contas, Zé chegou a conclusão que faria de tudo pra resgatar. Desceu ao chão, ajoelhou-se na beira do lobo e foi logo enfiando a mão. Depois o braço. Lá dentro é escuro, não dá pra ver nada. Sua mão ia ter que tatear, mais ainda não chegou ao fundo. Enfiou o ombro e nada.
Ato 4 - Filho de Deus
Zé pensou na cerveja. É isso sim, com certeza, que ele vai fazer com o troco. Tomar um cervejinha geladinha, afinal até Zé Ninguém é filho de Deus, pelo menos é o que dizem na igreja. E ele estava se achando muito merecedor de, depois de conseguir resgatar a carne do almoço, tomar uma loirinha. A boca de Zé salivou, era como se ele tivesse sentindo o gosto. Num ato extremo, Zé se enfiou de corpo e alma pra dentro do bueiro.A boca era grande para a nota, mas pequena para a cabeça de Zé.
Ele foi esfregando a cabeça no chão, e o espaço não dava. Mesmo doendo, ele não pensou em desistir.
Até perceber que ficara preso. A cabeça não mexia, nem pra fora nem pra dentro. Imóvel. Pressionada, doendo. Humilhado. Gritou.
Ato 5 - Espezinhando
O pobre Zé Ninguém estava prestes a ganhar seus 5 minutos de fama, quando a gente toda achou a história engraçada e chamou a Tv. Poizé, a Tv foi chamada antes dos bombeiros.
Foi entrevistado assim mesmo, entalado. Os bombeiros chegaram, demoraram algumas horas mas tiraram Zé, sem maiores prejuízos, a não ser dos 10,00. Zé tentava dizer que ainda não tinha pegado o dinheiro, mas os bombeiros nem lhe deram ouvidos. Carregaram-no até a maca da ambulância e fecharam a porta. De lá Zé viu a boca de lobo sumir na esquina. O publico que se formou em volta achou tudo aquilo hilário, sem saber que são e sempre serão vítimas da mesma boca de lobo de Zé Ninguém.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O céu que nos protege: agradecimentos

Estamos aqui, na nossa nuvem de algodão, num PEDACINHO DO CÉU.
Quero agradecer primeiramente, a toda a turma da Casa do Boneco, que me acolheu em seu seio afetivo e me ofereceu um trabalho que deu start a tudo isso. Especialmente a Say, que me ouviu nos meus momentos de agonia e torceu por nós.
Depois agradecer aos meninos d'Ambuba, Coro, Edão, Roberto, Grande, que ergueram as pilastras dessa nosso nova vida.
Agradecer a Rei, que escreve certo por linhas muito tortas (e que tanto fez e buliu, confundiu tanto nossas cabeças que culminou com a morte involuntária de algumas árvores) mas ele é Rei e deverá estar sempre certo.
Obrigada também ao povo todo de lá, principalmente Maínha Bizunga, paínho Antóim, Tim e as meninas por terem nos aturado lá nesses dias e nesses revezes.
Obrigada especial a vovô Cesar e vovó Eide e ao vovô Paulo que sempre nos socorrem nas nossas horas mais ingratas, os primeiros deram o teto, o segundo o chão e a mão (de obra)
Obrigada a vovó Solange, que anteriormente nos deu telhas que se transformaram em comida.
Obrigada a Karine e Djalma que também nos aturaram e ofereceram um teto lindo e gostoso ante dias intermináveis de chuva e vento.
Obrigada especial a Djalma que desejou com a própria alma a coclusão desta obra, e comemorou como se fosse dele a realização, e que gostaria de poder ajudar muito mais do que pôde. Djalma você é nosso irmão espiritual. Você é puro e lindo como uma alma....é por isso que você é "De Alma".
Obrigada finalmente aos três nobres cavalheiros que aceitaram esta missão sem ter o quê com isso, sem saber se iam receber, fizeram um trabalho profissional e rápido....Jairão, Boiadeiro e Muqueca. Ergueram o céu que nos proteje.
Gostaria rapidamente (pois não é meu feitio) pedir desculpas a todos que importunamos ou preocupamos com essa história. Esta pequena nuvem de algodão em nosso pedacinho do céu causou muitas e fortes emoções nas pessoas supracitadas. Foram realmente tantas emoções, parafraseando outro rei de um país tão tão distante. Desculpas ás tripas que se remoeram e nos provaram mais uma vez que estamos vivos.
Lembrando que nada disso aconteceria se não fosse a obstinação perseverante de Breno, que nunca deixa a peteca cair. Pró-ativo e otimista. Meu Amor obrigada!
Obrigada sempre a minha mãe Iemanjá (que nos traga sempre boas energias), meu pai Oxóssi (que seu manto verde nos cubra e nos proteja) e acima de tudo minha Mãe Natureza (que é quem rege tudo).
Agora pode chover, já não nos molhamos mais.
Estamos satisfeitos á beira mar, tomando overdose de natureza na veia, recebendo tudo dela por osmoze.
Não dá pra quem quer.....
(Desculpe, preciso baixar as fotos e logo posto)

sábado, 2 de abril de 2011

Em mar que tem tubarão piranha voa


Cá estou eu de novo...brasileiro nato...se não morro eu mato essa desnutrição. (desculpe, não resisti ao plágio Raulzito))
Cá estou eu de novo, ensaiando mea culpa.
É que aqui nessa beira de praia onde moro, o mar não está para peixe. E na falta de com que fazer o pirão, fui pescar com o tubarão.
Na verdade não saí de casa, vara e linha na mão, pensando nessa parceria odiosa. Eu já estava com minha rústica, charmosa e ideológica canoa em alto mar. Eram altas horas e sem uma piabinha sequer na cangaia. Pensei na cria lá em casa, barriguinha pronta pra açambarcar um filé de merluza, mas a isca terminou. Nesse instante apareceu o tubarão oferecendo uma parceria. Eu ajudava ele na rede de arrasto, em troca levava pra casa peixe bom pra um mês ou até mais. Entenda, eu já estava em alto mar e na minha frente era o tubarão. Não tive como dizer não. Sabendo que o arrasto arrasa com tudo e com todos à volta. Eu via em minha frente apenas um prato de comida. E arrastei.
Na verdade ainda não arrastei. To no barco com o Tuba, ainda não disse a ele NÃO. Tampouco ainda puxei o arrasto. Posso ainda pular da catraia e ver se me salvo. Se consigo chegar à praia com vida pra regurgitar resto de comida na boca do meu filho.
Estou pra decidir e, se Deus é brasileiro (e se tiver os mesmos poderes do Antônio Fagundes) há de fazer chover em minha catraia peixe bom pra seis meses. E ainda janto o fígado desse Tutubarão.
TECLA SAP:
Rústica, charmosa e ideológica canoa = Minha caneta e minhas idéias
Alto Mar =  Mostra de Cinema de Itacaré
Tubarão = Bamim (aquela que quer construir o Porto Sul e acabar com o restinho de Paraíso desta terra)
Resumindo: Gente, eu já estava trabalhando na Mostra quando a produção aceitou um patrocínio miserável da Bamim. Sou a pessoa mais contra o Porto Sul do planeta. O que eu faço meu Pai Oxalá? Meu marido não trabalha, preciso levar o qualquer pra casa. Porque a circunstância teima tanto em me desdizer???

terça-feira, 29 de março de 2011

Dilma ataca novamente

Dilmandona querendo privatizar os aeroportos????
Justo quem!!
E aquele discurso todo contra as privatizações? Na campanha ela atacava
Serra dizendo que ele ia privatizar tudo.
Faltou competência pra arrumar tudo a tempo da copa????
Vocês que votaram nela devem estar estranhando neh?
Ou melhor, acho que não....vocês que votaram nela não devem saber nem do que se trata!

sábado, 26 de março de 2011

Hipocrisiaaaa! Eu quero uma pra viver!!!

Cena 1 - Breno correndo atrás de um galo gordo e Couro agachado no beiral do fogão de lenha dizendo Se pegar o galo tem o direito de comer. Corre daqui, olé dali, Breno agarra o galo. Não tem coragem de segurar pelo pescoço, o que permite ao galo ficar gritando. E ele ficou. Aaquele grito de agonia e clemência. Couro dá o biscol pra Breno dizendo Aí tem que ser de uma vez só, ou cê vai deixar o galo agonizando?
Breno amira, ajeita, reajeita, ensaia, faz que vai serrar, depois faz que vai bater, Couro atravessa o quintal, retoma o biscol pega o galo e serra o pescoço do bicho com força e rapidez. A cabeça cai prum lado, o corpo sai voando, se debatendo e pulando pelo quintal, jorrando sangue do topo do pescoço. A cabeça tá no mesmo lugar, o olho aberto ainda.
Tava Erica, Cali, Guy e eu. Saímos após o galicídio e fomos bater em casa de Bizunga, onde algumas horas depois apareceu aquele panelãão, com direito a um escaldado de parida. Só eu que num comeu.

Cena 2 - Breno assiste a Couro derrubar uma árvore. Primeiro, Couro escala ela com a mesma astúcia que um macaco teria. Lá em cima vai cortar os cipós e os galhos enrolados. Você pensa que árvore cada uma é uma?  Não! Elas são todas uma só, umas ligadas as outras, protegendo, entrelaçando e abraçando. Se cortar lá em baixo primeiro, quem disse que cai?
Desescalou Couro e tomou do machado. Cortou a árvore no-ma-cha-do, com a força de um gladiador. O pau foi caindo, foi estalando, caiu gritando. A árvore gritou. Não queiram presenciar tal tragédia.
O pau cai derrubando tudo em volta, derrubando aquelas que ainda não eram, mas queria ser árvore, um lugar ao dossel.
Nada, a floresta morre envolta, abre-se uma pequena clareira com o corte de uma única árvore.

Essa aí quem derrubou fui eu. Eu não tava lá, mas fui eu sim. Não sei dizer como aconteceu, foi tudo tão rápido...também não sei se quero me justificar.
Eu não queria derrubar aquelas árvores, e não só porque é lá, num lugar que eu tanto prezo, nenhuma nesse mundo eu derrubaria.

Aluguei minha casa e fui pra uma casa muito engraçada, não tinha telhado, não tinha nada. Não dava nem pra dormir  na rede porque na casa não tinha parede. Breno saiu catando cavaco, ajuntando as primeiras madeiras que via pela frente afim de não deixar seu pimpolho na chuva. Sua missão atrapalhada: um telhado pelo menos providenciar.

Uma pobre morada num fino paraíso. Derrubou umas 25 árvores - 16 de Ambuba.
Por mais que eu aceite a urgência - afinal Guy - não consigo durmir com a idéia de ter causado este buraco. E ainda vem a presidente e a vice da Convenção das Bruxas, querendo me dar piadinha, "ai nota zero pelo desmatamento em Ambuba", como se eu já não soubesse dos meus atos...preciso das benevolentes-até-a-página-cinco" pra me avisar!
Aiai. Alguém faz favor de me dizer daonde veio aquelas enÓrmes madeiras que compõem o esquadro de suas casas egogigantescas e suas belíssimas pousadas? Será que veio da França? Acho que não. Mas na cabeça de Jerico delas, só de não ser da Ambuba quer dizer que pode. Pagam mais caro na madeira -de olhos fechados- e compram sua consciência.  Me poupe, não vou nem responder, tenho muito o que fazer ainda, licença.

De meu lado de cá, quietinha, vendo a vida me levar, tentando arranjar um teto, penso obsessiva em sair por aí reflorestando. Cortei as árvores mas plantei uma idéia boa em meu coração, que está abrindo muitos caminhos nas trilhas da minha mente. Começo com o dobro de árvores nativas - articulo uma roça cansada na margem do rio - mata ciliar. Depois faço a idéia crescer junto com os paus.

Quem gostar da idéia pode fazer doação de mudas, que custam em média 20 reais por aqui - imagino que demoro um pouco pra conseguir comprar as 50 mudas - não sei se em outros lugares dá pra sair mais barato, vou pesquisar.

sexta-feira, 25 de março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

Governo encontra maneira de frear pedido de licenças ambientais

O número de licenças ambientais cresce mais 500%.
http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/887226-licenca-ambiental-cresce-570-com-aumento-de-obras-no-pais.shtml
Mas o governo encontrou uma maneira de diminuir esse número: não exigir mais licença ambiental para obras de estradas.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+brasil,obras-de-ampliacao-de-estradas-nao-vao-precisar-de-estudo-de-impacto-ambiental,not_58301,0.htm
Imaginem, no Rio, tiveram que levantar um viaduto pra preservar uma espécie rara de rã. Em São Paulo, as obras do rodoanel ficaram comprometidas pelo achamento de um tipo de orquídea que pensava-se nõ existir mais. Aqui em Camamu, a rodovia teve que sofrer um desvio por conta de um sítio arqueológico encontrado durante as obras. E pensar em desviar quilômetros de estrada por causa de meia dúzia de quilombola ou indígenas....ara vamos logo acabar com isso.
É o mesmo que diminuir o índice de reprovação nas escolas proibindo os professores de reprovar qualquer aluno. Uma boa maneira de enganar as estatísticas e a comunidade internacional.
Parabéns ao governo pela facilidade de contornar os problemas.

A tragédia anunciada

Olha, sou super a favor das grandes catástrofes naturais, principalmente as que vitimam muitas pessoas. Desculpe-me falar assim, mas é que o homem faz o que bem quer da natureza, achando que é o dono do mundo, mas não é bem assim. 2012 taí, pra varrer a humanidade, pra limpar o planeta. Realmente o homem precisa ser exterminado, ou pelo menos diminuído consideravelmente seu contingente. 
Morar onde eu moro, na confluência entre um grande rio e o mar, me torna uma vítima em potencial, mas estou eu também disposta a este sacrifício, se for para o bem na minha mãe natureza. Os xiitas lá nos orientes não suicidam-se por um deus que nem existe? Poizantão, eu também dou minha vida pela reestruturação da minha mãe natureza, minha Deusa verdadeira, onipresente, onipotente e onisciente. Se bem que ela ganha mais com eu viva, pois sou defensora fervorosa de cada grãzinho de formiga - excetuando-se as baratas e os ratos.
Va lá que o acomodamento das placas tectônicas pode não ter, a princípio um "epicentro" na ação humana. Mas e o alerta de acidente nuclear, os reatores explodindo: ta vendo aí o recado? Que atraso: energia nuclear!!!!
Tsunamis no Japão e Indonésia, terremoto no Chile, água lavando e levando cidades de norte a sul do Brasil, nos Estados Unidos, Vulcões cuspindo cinza na europa, gelo derretendo mais rápido do que se calculava, o mundo não vai A CA BAR  em 2012, o mundo já está acabando, e vai continuar acabando depois da data da tragédia anunciada. Isso que vivemos é o fim do mundo. A violência nas ruas e as sacanagens nos gabinetes. Belo Monte deveria se chamar Quesedaneozíndios, a ferrovia Porto Sul em Ilhéus deveria se chamar FodaseaApa. A Vale extraindo matéria prima de armas de guerra. E você acredita realmente que o desmatamento na Amazônia caiu....ó coitado, é melhor você parar de assistir o JN. Ô hipocresia, é você aí em São Paulo que tosa a Amazônia. 
O problema é que as maiores vítimas das catástrofes naturais não são aqueles que ofendem na alma nossa mãe natureza, e sim aqueles que como ela, são vítimas da ganância de meia dúzia de senhores da guerra, desde a era das colonizações.
Não há mais quem grite contra tudo isso pra ser ouvido, nem mesmo Patchamama. Agora ela sabe, e você também, que pra lutar pela sobrevivência, só varrendo esse verme que jogaram irresponsávelmente na terra, e ainda lhe deu uma carteirinha do clube Livre Arbítrio. Pelo amor de deus, quem foi que inventou o homem?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Extra-Extra: Maria pula a cerca e ninguém percebeu

Não posso acreditar que ainda hoje, após tanta informação e tanto conhecimento que a humanidade experimenta nessa era da internet, possa-se criar a imagem de jesus cristo de olhos azuis. Ver essa imagem ariana de jesus naqueles adesivos bregas que as pessoas colocm no carro ainda vá, eu suportei. Mas ao ver Roberto Carlos, desfilando na apoteose, frente a uma alegoria gigante de um jesus cristo de olhos azuis foi muito dolorido.
Até tu Roberto! Desce desse pedestal e conte pro povo que jesus era um hebreu, um povo da pele bem morena. Ou será que no Ssanto Sudário da pra ver que Jesus era bem o cruzamento de Maria com um padeiro ariano.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Acertando as contas

Quem Peca e Reza, Empata!

Cadê meu ser Caótico?

...o fato é que sem vigilância, acabei sumindo, por um tempo que já nem sei mais como calcular. E hoje, no meu tempo livre, me senti vazia como há muito não sentia. (Desculpem minhas queridas amigas, vocês a quem eu sempre preguei a liberdade total e o respeito integral às próprias vontades)
Sem vigilância, o ser caótico que me habitava escapou ante a paisagem bucólica do casamento.


escrito em 28/09/09 no blog meupedejaca.blogspot.com

Femme de la vie


Eu sempre invejei as prostitutas, e sempre me senti fraca diante delas. As prostis, como sabemos, são mulheres da vida. E nós, as não prostis, o que somos? Somos as mulheres dos nossos contos de fadas. Revivendo as histórias que ouvimos, por medo de pisar no chão. As meninas da vida não revivem o velho relato dos contos, com seus finais 'felizes'. Elas caminham pelo desconhecido e isso as torna reais, 'da vida'.

Eu mesma, mulher de-faz-de-conta, conheci raros homens que já foram a bordéis. Os homens dos meus contos nunca foram a bordéis, não precisam disso, jamais pagariam pra ter uma mulher.

As mulheres da vida conhecem os homens da vida: nossos maridos, nossos amores, nossos pais e nossos filhos reais. Nós só conhecemos homens que não existem.

Isso me faz lembrar um pequeno escritor (pequeno não na escrita, mas no tamanho) amigo meu que fala francês. Outro dia, eu e Meu Amigo Pedro recebemos a visita de um colega frances, fotógrafo da Magnun, que viaja o mundo vivendo e grafando os bordéis de sua vida. Para ciceronear nosso colega, Meu Amigo Pedro sugeriu levá-lo a um bordél no Largo da Batata, nossa morada. Mas Meu Amigo Pedro não fala frances, nosso colega tampouco fala português e eu, lembrei do pequeno escritor. Liguei para ele pedindo que os acompanhasse e ele recebeu meu pedido como uma ofensa mortal.

"Fernanda, eu jamais iria a um puteiro", disse ele quase com nojo.

Resultado: eu, que não falo frances, mas falo espanhol, guiando nosso fotógrafo pelas luzes vermelhas de sampa.

E o que eu vi nestas casas da vida? Homens, muitos homens - por incrível que parecesse. Homens vindos de um mundo mais real que o meu. Estavam lá meus amigos, meus amantes, meu pai, meu filho, estes homens que dizem a nós, mulheres de contos, que eles nunca vão às mulheres da vida. Até os pequenos escritores, que jamais iriam, estavam lá.

*

Era quase madrugada. Guy tinha acordado animadíssimo e em mim e em Breno bateu aquela fome. Fomos no posto de gasolina, onde uma chapa 24hs fabrica o sanduiche mais podrão da cidade - o mais consumido, o mais real.
Chega uma doida, com a boca travada, com idade de criança e atitude de experiente. Uma mulher da vida de Itacaré. Conhecia Breno. A mim chamava de 'gata', como se eu fosse uma menina inocente e mimanda, que deve ser elogiada, e a quem não se pode contar as coisas da vida. Eu me sentia mais que isso. Sentia como se fosse um quadro na parede, destes que mechem os olhos e a tudo observam. Meu desejo era pular da parede para a sala, do gesso para a vida.

Aquela menina da vida abraçava meu marido como se fossem bons amigos. Estava sinceramente emocionada (estava travada é claro). Pegava em seus ombros e se demonstrava feliz em ver Breno com sua mulherzinha e seu filhinho. Ela parecia conhecer nele o homem que eu nunca conheci.

Eu era a mulherzinha, calada pela fome, sentada no banco, devorando com gôsto um hamburquer que eu nem gosto, comendo aquela comida de mentira.

escritoem 11/11/09 no blog meupedejaca.blogspot.com

Milan Kundera me console

Em São Paulo sou preta, na Bahia sou branca.
Na Bahia meu cabelo é liso, em São Paulo meu cabelo é ruim.
Eu sempre fui rica de mais para ser considerada pobre,
sempre fui pobre demais para ser rica
Esta pequena dificuldade de enquadramento sempre fez com que eu me sentisse excluída
Nas comunidaes pobres por onde ando, sinto-me culpada por ter uma casa própria, sólida, e por ter o que comer todos os dias.
No metie dos ricos, sinto-me suja, ignorante e desatualizada por não poder compartilhar de suas novidaddes tecnologicas e de seus conceitos de moda. O desejo consumista é superfluo e caro. As vezes passo em frente a uma loja e seus produtos viram objetos de desejo. Crio em mim a necessidade desses produtos, necessidade que não existe de verdade, mas que eu crio e por isso necessito. Por não poder comprar, sinto-me excluída. É semelhante a uma fome. Lógico que não tao grave ou dramatico como passar fome estomacal, mas fico faminta e vou pra casa frustada. com o estômago mental roncando.
Eu e meu companheiro somos de famílias um tanto abastadas, e tudo o que temos devemos a nossos pais. Sem eles, ou o que eles nos deram, somos pobre-pobre-pobre-de-marré-de-ci.

Pois, quando estou na labuta do meu dia a dia (eu não preciso trabalhar pra comer e isso me torna rica, mas eu passo o dia todo nos afazeres da casa, e isso me revolve à pobreza), penso as vezes em Bruna, que foi a primeira namorada de Breno. (Olhem bem que eu não penso em Bruna com ciúme ou inveja. Acho ela linda mesmo e super legal....apenas a utilizo para fins reflexivos). Breno sempre a descreve como uma garota 'capa de revista'. Linda, loira, gostosa. Na praia, as pessoas se apressavem em fotografá-la. Se fazia top-less, era briga na certa. E pra melhorar, Bruna é rica. Nasceu rica - o que a torna ainda mais linda. Bruna nunca teve que sujar as unhas no bombril, nunca suou às bicas cavalgado com bravura um rôdo.

Linda, loira e rica. É o ideal de vida que todas as mulheres do mundo gostariam de viver. A vida de Bruna é um sonho. Não é realidade. (Bruna não deve comer pao com manteiga porque é o que tem, nem nunca lhe faltou dinheiro pra comprar um remédio)
As vezes me pergunto se Breno e Bruna tivessem se casado, ela estaria aqui limpando o chão de joelhos, ou estaria Breno empresariando em Salvador?

Me falaram da leveza e do peso. (A mim também Celo)
Será que a leveza da vida de Bruna a levará ao peso por nunca ter tocado a realidade?
Ou talvez eu encontre a leveza no final do dia, quando depois de lavar, cozinhar, limpar, varrer, arrumar, encontre a casa finalmente limpa, ainda que por alguns minutos. Ou ainda, a leveza me venha no final da vida, quando eu olhar pra traz e ver que valeu a pena.....enfim....Milan Kundera, me explique!

Ainda não encontrei a leveza do meu fardo.
Chego ao final do meu dia cansada, pesada. Mais feia, mais velha e secretamente triste.

Triste não porque queria ser rica, ou loira (ainda sou linda tá!), mas porque pra varrer e lavar roupa não é preciso pensar. Varrer e lavar roupa atrofiam o cérebro. E eu, que adoro pensar, perguntar, estudar, passo o dia todo atrofiando meu cérebro.


escrito em 04/12/09 no blog meupedejaca.blogspot.com