sábado, 30 de julho de 2011

maneiras de enfiar o 'cara' no equema

Resgate de FGTS
Eu tava quieta, na minha, aí comecei a receber umas cartas esquisitas, continuamente. Eram da Caixa e diziam que eu tinha uma quantia em dinheiro que era minha, e se eu quisesse sacar, era só passar lá, e levar uns docs. A cada nova carta, um valor maior era informado.
Passado alguns meses, tomei coragem.
Bem, eu fui né. Não sem antes passar pelas malfadadas vias sacras que nós brasilianos temos que percorrer toda vez que nos pedem algum documento que não temos.
Cheguei na agência e entrei na fila da senha (fila da fila). A magrelinha me fez uma das perguntas mais esquisitas que eu já vi: Você tem cartão cidadão? Não. E nem quero, respondi, ingênua.
Tive uma má intuição
Mas você tem que ter, disse a vara de marmelo. Mas eu não posso não, eu não sou cidadã, sou Florestam, retruquei, malcriada.
Olha, se você quiser sacar esse dinheiro, vai ter que ser cidadã. Entra naquela fila e solicita seu cartão do cidadão.
Vejam vocês o que fizeram comigo. Entrei na fila pra virar cidadã, aos 29 dias de julho deste ano de 2011.
E enfim, descobri que o FGTS não cobriria nem meus gastos de psicanalista, numa futura crise de identidade, pra ele poder me relembrar, se for o caso, que cazzo sou eu,  cidadã ou Florestam.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ei, quem é você?

Você que acha um absurdo o lixo, o desmatamento, a poulição e todos esses afins. Que negócio é esse de ficar comprando água na rua. Por favor, vocês sabem quanto tempo demora aquela puta garrafinha pra se desfazer na natureza? Eu, em minhas estadas na praia dos algodões, de vez em quando invento de recolher o lixo na praia, vomitado pelo rio de Contas, e o grande campeão é o plástico. O cálculo deve estar em 90%. As tampinhas de garrafas são o grande vilão, é o que mais tem.
É um desatino dos tempos modernos, a pessoa ficar comprando garrafinha de água na rua, porque 'é só um real', porque 'eu to cum sede', porque é normal, todo mundo compra.
Então se você age assim, é um baita ignorante ou no mínimo irresponsável. Vamos sair de casa gente, com sua garrafinha de água, enche da geladeira, vai tomando na rua, não custa nada.
Quem trabalha em escritório, pelo amor de Deus, deixe de lado o copinho descartável, leve sua canequinha de plástico, ninguém usa, você não polui e ainda corta gastos.
Meu pai compra mil - MIL -copos de plástico por mês pra seu consultório. E olha que é um consultóriozinho, igual milhares que tem por aí. Imaginem somando todas as empresas? E então você pergunta: e os clientes, bebem em que? Olha people, vamos pensar em soluções. Bebedouro, copos não descartáveis, bota alguém pra lavar, ou mesmo quem bebe lava, não sei...vamos criar um sistema pra acabar com esse disparate. E levem suas garrafinhas quando saírem de casa tá. Se quiser beber gelado, deixa no congelador um dia antes, e daí ela vai manter a água gelada por várias horas. Usem a massa cinzenta que papai do céu te deu.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A maior aventura de um Zé Ninguém

Ato 1 - Tudo bem
Ele vinha andando pela rua meio distraído. Ia em direção ao ponto de ônibus, sem pressa. Chegando perto meteu a mão no bolso pra procurar o passe.
Ato 2 - Dinheiro não gosta de pobre
Quando puxou, saiu junto uma nota de dez reais, com o que ele deveria pagar a passagem de volta. Tinha que pagar a conta de água, mas com 10,00 não paga, então ia deixar atrasar.
A nota saiu, e caiu com o vento, já meio que se embolando pra longe do coitado Zé Ninguém.
Como desgraça de pobre, pouca não há, uma boca de lobo com a boca bem aberta, parecia exercer uma sucção malígna, puxando a nota pra si. Zé saiu num trupico, tentando resgatar sua merreca, em vão. A boca engoliu.
Ato 3 - da Bravura do Zé Ninguém
Ele jurou que não podia ir embora sem o dinheiro pois, além de comprar a passagem de volta, teria que comprar a mistura do jantar e o pão. E você nem acredita que com 10,00 dá pra comprar tudo isso né. Vamos às contas. Zé compra 5,00 de mistura (carne, ou frango) mais 2,80 do passe dá 7,80, ainda sobra 2,20. Ia sobrar dois reais e vinte centavos com os quais Zé poderia fazer qualquer coisa que quisesse. Podia comprar dois reais de pão e ainda sobrava vinte centavos. Podia comprar um brinquedo na loja de 1,99 pro seu neto. Podia até tomar uma cerveja, tranquilo na padaria.. Fazendo as contas, Zé chegou a conclusão que faria de tudo pra resgatar. Desceu ao chão, ajoelhou-se na beira do lobo e foi logo enfiando a mão. Depois o braço. Lá dentro é escuro, não dá pra ver nada. Sua mão ia ter que tatear, mais ainda não chegou ao fundo. Enfiou o ombro e nada.
Ato 4 - Filho de Deus
Zé pensou na cerveja. É isso sim, com certeza, que ele vai fazer com o troco. Tomar um cervejinha geladinha, afinal até Zé Ninguém é filho de Deus, pelo menos é o que dizem na igreja. E ele estava se achando muito merecedor de, depois de conseguir resgatar a carne do almoço, tomar uma loirinha. A boca de Zé salivou, era como se ele tivesse sentindo o gosto. Num ato extremo, Zé se enfiou de corpo e alma pra dentro do bueiro.A boca era grande para a nota, mas pequena para a cabeça de Zé.
Ele foi esfregando a cabeça no chão, e o espaço não dava. Mesmo doendo, ele não pensou em desistir.
Até perceber que ficara preso. A cabeça não mexia, nem pra fora nem pra dentro. Imóvel. Pressionada, doendo. Humilhado. Gritou.
Ato 5 - Espezinhando
O pobre Zé Ninguém estava prestes a ganhar seus 5 minutos de fama, quando a gente toda achou a história engraçada e chamou a Tv. Poizé, a Tv foi chamada antes dos bombeiros.
Foi entrevistado assim mesmo, entalado. Os bombeiros chegaram, demoraram algumas horas mas tiraram Zé, sem maiores prejuízos, a não ser dos 10,00. Zé tentava dizer que ainda não tinha pegado o dinheiro, mas os bombeiros nem lhe deram ouvidos. Carregaram-no até a maca da ambulância e fecharam a porta. De lá Zé viu a boca de lobo sumir na esquina. O publico que se formou em volta achou tudo aquilo hilário, sem saber que são e sempre serão vítimas da mesma boca de lobo de Zé Ninguém.