quarta-feira, 3 de maio de 2017

Livro ao vivo

Livro ao vivo

Estou feliz em decidir voltar a escrever.  Tenho muitas idéias sobre assuntos importantes, mal estudados, e que me interessam, tipo arqueologia amazonia, ou sobre a colonia de sucuris da região da Península. Mas não sou experta em nada então, pra não perder o bico da pena, vou escrever sobre o que eu sei. Minha rotina. Enfim, sete anos se passaram e eu fiquei isso: a triste figura de uma dona de casa, dessas comuns que fingem estar felizes. O que se passou de lá pa cá não vou ficar explicando, pois se há de entender com o avanço da leitura.
Invernou hoje. o vento está castigando os coqueiros e aumentando a aura de suspense que ronda um dia de chuva forte, o céu aquele tom de cinza-médio. O suspense é mais por conta da infra. Minha casa ainda não tem porta ou janelas, o banheiro fica fora e quase não tem teto, a cozinha também fora, não tem parede alguma. Só uma telha com quase queda alguma.
A casa é isso, mas é minha ok.
A grande novidade é que tem mais um ser. MAis uma, no caso. 
Ontem como de costume acordei muito cedo, com Liz querendo mamar antes do sol raiar. A bezerrinha ainda mama, embora tenha passado dos dois. Fui correndo fazer meu cafézinho, bem temperado com um pecaminoso leite condensado. Não tinha pão porque perdi a espatula da maquina e não quis amassar na mão. Emendei logo com quatro horas de trabalho na cozinha, só de limpeza. Fiz sim uma torta de beringela com queijo, mas não fiz almoço. Tinha uma massa cozinhada de ontem.
Vim pro quarto/sala e arrumei aqui também. Deitei pra ver o jornal e descansar um pouco.
As quatro horas saiu o bonde da foto. Coloquei todos os alunos que moram deste lado da praia no uninho e fomos pra escola, pra segunda aula de fotografia livre. Iara, Iuri, Sol, Luca e Tete, que quase ficou pra trás se Luca não tivesse lembrado dela.
Na Sempre Viva juntaram-se a nós Alma, Duna, Luana e Joaquim.
Eu não tenho muito método pra ensinar crinaças de 5 a 9 anos a fotografar, mas - e embora eu deteste crianças- eles gostam de mim e a coisa vai ter que fluir.
Pedi que fotografassem flores sempre de costas pro sol, pra trazer essa noção de luz e cores e branco. Mandei jogar no lixo todas as imagens borradas, dando nome aos bois: "fora de foco". PEdi para se aproximarem da flor. Saiu fotos lindas, foi jóia.
O diabo é que não encontro o cartão de memória da camera da escola. E sendo assim, terei que dar o meu, de 8gb, o dobro do outro.
Cheguei em casa pensando noutra perda, a da paleta do máquina de pão. Procurei em tudo e nada. Não vou amassar. Amanhão não tem pão.
Arrumei o quarto, coloquei Guy e Liz pra dormir e fui estudar.
A chuva panhou forte a noite toda e eu me molhei um pouco, na cama do canto, mais perto da frente da casa, onde me escondo de Liz e fico mais esposta ao açoite do vento marítimo.