sábado, 26 de março de 2011

Hipocrisiaaaa! Eu quero uma pra viver!!!

Cena 1 - Breno correndo atrás de um galo gordo e Couro agachado no beiral do fogão de lenha dizendo Se pegar o galo tem o direito de comer. Corre daqui, olé dali, Breno agarra o galo. Não tem coragem de segurar pelo pescoço, o que permite ao galo ficar gritando. E ele ficou. Aaquele grito de agonia e clemência. Couro dá o biscol pra Breno dizendo Aí tem que ser de uma vez só, ou cê vai deixar o galo agonizando?
Breno amira, ajeita, reajeita, ensaia, faz que vai serrar, depois faz que vai bater, Couro atravessa o quintal, retoma o biscol pega o galo e serra o pescoço do bicho com força e rapidez. A cabeça cai prum lado, o corpo sai voando, se debatendo e pulando pelo quintal, jorrando sangue do topo do pescoço. A cabeça tá no mesmo lugar, o olho aberto ainda.
Tava Erica, Cali, Guy e eu. Saímos após o galicídio e fomos bater em casa de Bizunga, onde algumas horas depois apareceu aquele panelãão, com direito a um escaldado de parida. Só eu que num comeu.

Cena 2 - Breno assiste a Couro derrubar uma árvore. Primeiro, Couro escala ela com a mesma astúcia que um macaco teria. Lá em cima vai cortar os cipós e os galhos enrolados. Você pensa que árvore cada uma é uma?  Não! Elas são todas uma só, umas ligadas as outras, protegendo, entrelaçando e abraçando. Se cortar lá em baixo primeiro, quem disse que cai?
Desescalou Couro e tomou do machado. Cortou a árvore no-ma-cha-do, com a força de um gladiador. O pau foi caindo, foi estalando, caiu gritando. A árvore gritou. Não queiram presenciar tal tragédia.
O pau cai derrubando tudo em volta, derrubando aquelas que ainda não eram, mas queria ser árvore, um lugar ao dossel.
Nada, a floresta morre envolta, abre-se uma pequena clareira com o corte de uma única árvore.

Essa aí quem derrubou fui eu. Eu não tava lá, mas fui eu sim. Não sei dizer como aconteceu, foi tudo tão rápido...também não sei se quero me justificar.
Eu não queria derrubar aquelas árvores, e não só porque é lá, num lugar que eu tanto prezo, nenhuma nesse mundo eu derrubaria.

Aluguei minha casa e fui pra uma casa muito engraçada, não tinha telhado, não tinha nada. Não dava nem pra dormir  na rede porque na casa não tinha parede. Breno saiu catando cavaco, ajuntando as primeiras madeiras que via pela frente afim de não deixar seu pimpolho na chuva. Sua missão atrapalhada: um telhado pelo menos providenciar.

Uma pobre morada num fino paraíso. Derrubou umas 25 árvores - 16 de Ambuba.
Por mais que eu aceite a urgência - afinal Guy - não consigo durmir com a idéia de ter causado este buraco. E ainda vem a presidente e a vice da Convenção das Bruxas, querendo me dar piadinha, "ai nota zero pelo desmatamento em Ambuba", como se eu já não soubesse dos meus atos...preciso das benevolentes-até-a-página-cinco" pra me avisar!
Aiai. Alguém faz favor de me dizer daonde veio aquelas enÓrmes madeiras que compõem o esquadro de suas casas egogigantescas e suas belíssimas pousadas? Será que veio da França? Acho que não. Mas na cabeça de Jerico delas, só de não ser da Ambuba quer dizer que pode. Pagam mais caro na madeira -de olhos fechados- e compram sua consciência.  Me poupe, não vou nem responder, tenho muito o que fazer ainda, licença.

De meu lado de cá, quietinha, vendo a vida me levar, tentando arranjar um teto, penso obsessiva em sair por aí reflorestando. Cortei as árvores mas plantei uma idéia boa em meu coração, que está abrindo muitos caminhos nas trilhas da minha mente. Começo com o dobro de árvores nativas - articulo uma roça cansada na margem do rio - mata ciliar. Depois faço a idéia crescer junto com os paus.

Quem gostar da idéia pode fazer doação de mudas, que custam em média 20 reais por aqui - imagino que demoro um pouco pra conseguir comprar as 50 mudas - não sei se em outros lugares dá pra sair mais barato, vou pesquisar.

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